sexta-feira, 30 de março de 2012

Produtos da agricultura familiar contribuem para alimentação escolar mais saudável


Foto: Eduardo Aigner



Os alimentos são o combustível para todas as atividades do corpo humano, desde raciocínio até jogar bola. Uma criança que se alimenta bem tem desempenho escolar melhor, maior crescimento e o potencial criativo. Ou seja, a alimentação está intimamente ligada ao bem estar físico, social e mental. Neste 31 de março, quando é comemorado o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, é inevitável discutir os benefícios da alimentação escolar de qualidade para o desenvolvimento pleno dos alunos.
Desde 2009, quando foi aprovada a lei que determina que, no mínimo, 30% do que é adquirido para a merenda nas escolas públicas deve ser comprado da agricultura familiar, o encontro da alimentação escolar com a produção familiar tem promovido uma verdadeira transformação, ao permitir que alimentos mais saudáveis e com forte apelo regional possam ser consumidos diariamente pelos alunos de todo país. Isso significa a melhoria na alimentação de aproximadamente 48 milhões de crianças e adolescentes Brasil afora.
Parceiro da iniciativa desde o início, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) quer aumentar cada vez mais o número de crianças e jovens beneficiados, além de incentivar que mais agricultores familiares participem do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O programa busca, ao mesmo tempo, alimentar os alunos de forma saudável e estimular a economia no meio rural. “Antes, de maneira geral, a alimentação escolar era feita com produtos processados e com pouca diversidade, possivelmente fracos em vitaminas e sais minerais, que são encontrados em abundância em frutas e verduras, oferecidas com a inclusão da agricultura familiar”, explica o coordenador das políticas de comercialização de produtos da agricultura familiar do MDA, Pedro Bavaresco.
A nutricionista Juliana Neri, responsável por elaborar os cardápios das escolas públicas de Sobradinho, no Distrito Federal, aprova a iniciativa. “O produto vindo da agricultura familiar é mais saudável. Mesmo que recebamos os mesmos gêneros alimentícios de antes, eles têm outra apresentação. É um produto mais fresco e de maior qualidade”, informa. Além disso, a inclusão da agricultura familiar na alimentação escolar aumentou a diversidade de ingredientes na merenda. “Isso é muito bom, pois se o lanche for repetitivo, as crianças enjoam”, afirma Juliana.
A diretora da Escola Parque 308 Sul, em Brasília, Maria das Graças de Oliveira, diz que a merenda escolar era quase sempre a mesma. Com a inclusão de produtos da agricultura familiar, aumentou a frequência com que produtos de hortifruti aparecem no cardápio. Não só a comida se tornou mais saudável, como o rendimento escolar melhorou, já que as crianças ficam mais satisfeitas. “Elas gostam das verduras e frutas, não há desperdício”, relata a diretora. A merendeira Maiara Cazarotto tem uma explicação para a boa aceitação desses alimentos: “Eles têm o sabor diferente, são mais gostosos”.
Ganhos nutricionais
O nutricionista, Cláudio Dias de Oliveira, da rede de ensino de Fagundes Varela, no Rio Grande do Sul, está fazendo um trabalho de educação nutricional nas escolas que atende. Entre as principais estratégias está acrescentar cada vez mais frutas e verduras no cardápio dos alunos e instruir as merendeiras a diminuir a quantidade de sal e açúcar na preparação dos alimentos. “Temos que mudar hábitos na hora de comer, então as mudanças têm que ser feitas aos poucos para eles não sentirem tanto”, explica.
O nutricionista lembra que muitas vezes os agricultores que fornecem os ingredientes para a merenda escolar são pais de alunos, o que traz duplo benefício. “Eles estão colaborando para que os filhos comam alimentos mais saudáveis e ao mesmo tempo têm uma fonte de renda para a família”, pontua. Por essas razões, Cláudio está tentando aumentar a cada dia o percentual de alimentos comprados da agricultura familiar no município. Hoje esse número é de cerca de 35%.
Este ano ele vai lançar, nas escolas em que trabalha, o Projeto Educação Nutricional Avançada e Continuada, em que irá às salas de aula uma vez por mês para trabalhar a educação nutricional direto com as crianças. O objetivo é lutar contra o crescimento cada dia mais rápido das doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, colesterol e hipertensão.“As doenças surgem nas crianças desde pequenininhas. Um infarto, um AVC (acidente vascular cerebral) não começa aos 40 anos, eles começam agora. Essa é a consciência que estou tentando passar para eles”, justifica Cláudio.
Combate à pobreza no campo
O Ministério do Desenvolvimento Agrário é um agente importante no cumprimento da meta de participação da agricultura familiar no Plano Nacional de Alimentação Escolar. A pasta trabalha para mostrar aos agricultores familiares que existe um importante mercado para o qual podem comercializar. Os programas do MDA visam capacitar cada vez mais agricultores e torná-los aptos a atender à demanda das escolas. “Foi aberto um vasto espaço de comercialização ao qual antes eles não tinham acesso”, analisa Pedro Bavaresco.
No Ceará, a Cooperativa Agroecológica da Agricultura Familiar (Cooperfam) foi criada em 2010 para auxiliar famílias agricultoras locais a oferecerem seus produtos para o PNAE. Hoje a Cooperfam tem parceria com as prefeituras de Maranguape, Fortaleza e com o governo do estado do Ceará. Atualmente, 220 cooperados entregam às escolas municipais e estaduais 23 variedades de produtos, entre hortifrutigranjeiros, mel de abelha e polpas de frutas.
Para participarem do PNAE os agricultores tiveram que melhorar a organização da produção. “A entrega de produtos para as escolas precisa ser regular e seguir o calendário estipulado junto às escolas e aos nutricionistas. Como trabalhamos principalmente com produtos perecíveis, as datas de plantio e colheita devem ser bem planejadas”, explica o presidente da cooperativa, Airton Aloísio Kern. Além das alterações na rotina de plantio, a cooperativa planeja transformações ainda maiores. Umas das metas é que, em pouco tempo, toda produção seja orgânica – ou seja, mais saudável e valorizada no mercado.
Mais da metade dos cooperados já teve acesso a alguma outra política pública oferecida pelo MDA, como linhas de crédito – principalmente do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) – e Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). Assim, os produtores têm conseguido aumentar a produção e atender às exigências de qualidade exigidas pelo PNAE.
As melhorias são visíveis. “Já compramos uma câmara fria e reformamos o galpão com os lucros do PNAE”, conta Kern. Este ano a cooperativa está adquirindo uma máquina que vai permitir a produção de 3,5 mil sachês de polpa de fruta por dia e ainda este mês deve comprar dois tanques de resfriamento de leite, o que possibilitará acrescentar o produto aos vendidos para as escolas.
No fim de 2011 a Cooperativa recebeu do MDA o Selo da Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf). O selo certifica que os produtos vêm de agricultores familiares do Ceará que possuem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) – física ou jurídica –, que avalia se a unidade é de produção familiar. O Sipaf também atesta que os produtos atendem aos padrões de qualidade do mercado, seguindo normas e orientações que garantem a higiene e padronização.
Outro exemplo de sucesso é a Cooperativa dos Agricultores Familiares de Juquiá (Coopafarga), em São Paulo. A organização, que congrega 220 agricultores familiares, fornece produtos para as cidades de São Bernardo do Campo, Juquiá, Sorocaba, Guarujá, Itariri, São Vicente e Santo André, totalizando mais de R$ 1,6 milhão em contratos de venda de produtos para a alimentação escolar. Os produtos vão desde frutas e verduras a derivados de banana e pães.
As contribuições dos cooperados são aplicadas na melhoria das instalações da cooperativa, que hoje já tem dois caminhões próprios, estoque de embalagens, terreno da sede e panificadora. “Tudo isso é resultado da venda para o PNAE. Sem ele nada seria possível”, afirma o diretor de vendas e logística da Coopafarga, Antônio da Penha. E os benefícios não param na estrutura física da cooperativa. “Estamos nos aperfeiçoando no dia a dia, porque o atendimento à alimentação escolar exige uma padronização melhor”, conta Antônio.
A Coopafarga foi a primeira cooperativa criada em São Paulo para atender às demandas das escolas, em 2009. Desde então ela tem servido de inspiração a outros agricultores das regiões próximas que também passaram a se organizar em cooperativas e associações. Tudo isso refletiu na melhoria da qualidade de vida dos camponeses, que aos poucos estão descobrindo formas de crescer e sair da pobreza sem deixar de trabalhar com a terra. A Delegacia Federal do MDA no estado está em contato direto com os produtores para instruí-los sobre as políticas do Ministério que podem ajudá-los a progredir ainda mais.
Programa Nacional de Alimentação Escolar
Desde junho de 2009, com a aprovação da Lei nº 11.947, a agricultura familiar passou a fornecer gêneros alimentícios a serem servidos nas escolas da rede pública de ensino. A lei prevê que, do total dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para a compra de alimentos, no mínimo 30% devem provir da agricultura familiar.
Em 2010, 51% dos municípios do país compraram produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar. O destaque foi a região Sul – de seus 1.128 municípios, 874, o equivalente a 77% - compraram dos agricultores familiares locais. “Estamos tentando mostrar aos agricultores que há um grande espaço de mercado que eles podem conquistar. Também estamos trabalhando para profissionalizar cada vez mais as organizações camponesas para atender a esta demanda”, explica o coordenador das políticas de comercialização de produtos da agricultura familiar do MDA, Pedro Bavaresco.
A iniciativa abriu para os agricultores familiares um vasto espaço de comercialização que não existia antes. Em nível nacional, o programa possibilita que seja gasto R$ 1 bilhão por ano para compra de produtos da agricultura familiar. Por favorecer o comércio regional, o PNAE também é uma importante ferramenta para o crescimento econômico local e o combate à pobreza. Para quem adquire esses produtos, o resultado é mais qualidade na alimentação

quinta-feira, 22 de março de 2012

Chama Pública da Seagri vai beneficiar mais de 37 mil agricultores familiares do Portal do Sertão e demais territórios de identidade


 Podem participar da seleção empresas privadas, com ou sem fins lucrativos

A Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri) publicou no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (22) uma Chamada Pública para selecionar entidades executoras de serviços de assistência técnica e extensão rural para a agricultura familiar nos territórios de identidade da Bahia.
Segundo a publicação, o objetivo é escolher uma entidade para oferecer “apoio à produção familiar de alimentos para a segurança alimentar e nutricional, acesso a mercados, organização social e transição agroecológica, por meio de atividades individuais, grupais e comunitários, compreendendo o planejamento, a execução e a avaliação das atividades, visando a emancipação econômica e social das famílias atendidas”.
Cerca de 37.440 agricultores familiares devem ser beneficiados. Podem participar da seleção empresas privadas, com ou sem fins lucrativos, desde que previamente credenciadas junto ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Sustentável (CERDS).
Dentre os municípios que serão contemplados estão: Feira de Santana, Gavião, Nova Fátima, Tucano, Euclides da Cunha, Buerarema, Camacan, Santa Bárbara, Capela do Alto Alegre, Conceição de Feira, Santo Estevão, Conceição de Coité, Riachão do Jacuípe, Jussari, Nova Redenção e Andaraí.
                                                                                                                                                              Gilvan Silva, com informações do D.O 


Estiagem


Foto: Gilcimar Pereira

Um Comitê Estadual para Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca foi criado ontem pelo governador Jaques Wagner para coordenar, no Estado, as atividades a serem desenvolvidas no enfrentamento aos efeitos da seca e de amparo à população atingida. Os trabalhos não serão remunerados, sendo seu exercício considerado serviço público relevante. O Decreto 13.796 foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial.
Confira na íntegra o Decreto.

DECRETO Nº 13.796 DE 21 DE MARÇO DE 2012
Institui o Comitê Estadual para Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições,
 D E C R E T A
 Art. 1º - Fica instituído o Comitê Estadual para Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca, com a finalidade de coordenar, no Estado, as atividades a serem desenvolvidas no enfretamento aos efeitos da seca e de amparo às populações atingidas, composto pelos seguintes membros:
I -  01 (um) representante da Casa Civil, que o coordenará;
II -      01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza;
III -    01 (um) representante da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária;
IV -    01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento Urbano;
V -      01 (um) representante da Secretaria do Meio Ambiente;
VI -    01 (um) representante da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional;
VII -  01 (um) representante da Secretaria de Relações Institucionais.
§ 1º - Os membros do Comitê serão indicados pelos Titulares dos respectivos órgãos e nomeados pelo Governador do Estado.
 § 2º - Os trabalhos do Comitê de que trata o caput deste artigo serão secretariados pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza.
 Art. 2º - Incumbe ao Comitê:
 I -        indicar obras e serviços voltados à redução dos danos causados pela seca;
 II -      acompanhar, fiscalizar e avaliar a prestação da assistência oferecida às populações atingidas pela seca; 
III -    articular-se com os órgãos municipais e federais envolvidos nas ações de combate à seca. 
Art. 3º - A participação dos membros no Comitê Estadual para Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca não será remunerada e seu exercício será considerado de relevante interesse público.
 Art. 4º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 21 de março de 2012.

JAQUE WAGNER
Governador

Rui Costa
Secretário da Casa Civil
Carlos Alberto Lopes Brasileiro
Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza

Eduardo Seixas de Salles
Secretário da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
Cícero de Carvalho Monteiro
Secretário de Desenvolvimento Urbano

Eugênio Spengler
Secretário do Meio Ambiente
Wilson Alves de Brito Filho
Secretário de Desenvolvimento e Integração Regional

Paulo Cézar Lisboa Cerqueira
Secretário de Relações Institucionais


quinta-feira, 15 de março de 2012

Seca castiga Coité e SINTRAF articula limpeza de Barragens


Açude do Assentamento de Nova Palmares
Está em andamento a maior de todas elas, situada no assentamento de Nova Palmares. Já estão prontas para receber o liquido precioso barragens em Patos e Cabaceiras.
Das 70 barragens públicas que deverão ser limpas até o final do mês de março, segundo previsão do CONSISAL, dentro do processo de limpeza e recuperação de aguadas no Território do Sisal, através da parceria com a Coordenação Estadual de Defesa Civil (CORDEC), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza e CAR, sete estão situadas no município de Conceição do Coité, segundo informações do presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Agricultores Familiares de Conceição do Coité – SINTRAF, Urbano de Carvalho.
Segundo Urbano, todos os 11 municípios contemplados pelo projeto já conseguiram executar mais da metade do trabalho e correm contra o tempo para finalizar as atividades, já que nessa época do ano costuma chover no Nordeste. Ele disse também que, apesar da Prefeitura não fazer parte do CONSISAL, Conceição do Coité foi o único município que conseguiu 355 horas de máquinas para limpeza das barragens consideradas prioritárias na capacidade de armazenamento d’água.
O líder sindical acompanhou o CN as comunidades de Nova Palmares, Patos e Cabaceiras, onde limpou barragens com mais de 50 anos de existência e há quase duas décadas que não eram limpas, a exemplo de Patos, onde, segundo o aposentado Luiz Pinto de Oliveira, 76 anos, a conhecida “Lagoa dos Patos”, estava praticamente entupida e logo que concluiu às 13 horas de trabalho deu uma chuva, considerada fina, conseguindo juntar um pouco d’água, o suficiente para suas 10 vacas beber durante pelo menos cinco dias.
A situação é tão critica que o criador se satisfaz com as poças d'água existentes no meio da barragem
Luiz Pinto contou que a Lagoa é salvação da região e foi construída há cinqüenta anos pelos moradores da comunidade em troca de comida. “Ninguém recebeu nada para cavar esta barragem. Foi tudo na mão e com uso de jegue para carregar o material. Todos que trabalharam aqui, inclusive eu, recebia alimento em troca de serviço”, contou o agricultor.
Bem perto de Patos, a 06 km, está situado o Povoado de Cabaceiras, onde moram cerca de 200 famílias e estão sendo castigadas com o efeito da seca. O principal local de armazenar água na região é o chamado Tanque Velho da Cabaceira, a cem metros do centro do Povoado, porém numa posição privilegiada, pois não recebe água enxurrada das ruas e dos fundos das casas, pois ha uma parte alta que  impedem que os lixos da comunidade sejam jogados para dentro do tanque. “A água aqui é potável e quando enche abastece toda região. Este ano mesmo, os caminhões-pipa pegaram até a última gota para levar para as famílias que moram mais longe”, contou o agricultor Virgilio Araújo da Silva, 75 anos, conhecido por Dadinho Sambador.
“Eu cheguei aqui na Cabaceira em 1951 e já existia este tanque e era que socorria a região”, concluiu Dadinho.
Dentre as sete barragens, a que mais chama atenção é o açude de Téo, que começou ser construído em 1952 e concluído em 1954. Situado na área do assentamento de Nova Palmares, á 12 km da sede de Conceição do Coité, Urbano de Carvalho, que também é assentado, conhece bem a história deste açude, que segundo ele, “já matou a fome de muita gente com os peixes, seja na comercialização ou mesmo para o consumo familiar”.  
Com uma área estimada em cinco tarefas, sendo que o leito normal ocupa duas, o açude também foi construída manualmente e a lombo de animais e encheu pela primeira vez em 1957 e sagrou em 1960. Urbano estima que este açude tenha sustentado uma mil pessoas aproximadamente e não soube dizer quando foi à última vez que foi limpo.
Duas caçambas, uma pá carregadeira e uma retroescavadeira estão trabalhando para retirada da lama, que forma um paredão de aproximadamente três metros de altura. “Necessitamos de 800 horas para limpar este açude e só conseguimos 200 através de um convênio com a CAR e nossa luta é buscar mais recursos e limpar totalmente. Estamos correndo contra o tempo, pois chove a qualquer momento e o trabalho fica pela metade”, observou Carvalho.
Residem atualmente no assentamento criado em 12 de janeiro de 1998, 102 famílias e mais 63, dos filhos dos assentados que constituíram família. Para João Ferreira Santos, 70 anos, conhecido por João Tororó, presidente da Associação, os recursos e a quantidade de horas foram poucas e não será suficiente para limpar a Açude, conforme o desejo da comunidade.
“Isso aqui é um riqueza, já pegamos uma carpa de seis quilos e tilápia de todo tamanho. Aqui também funcionava como turismo ao domingos. Aqui é um patrimônio e o governo tem que ajudar, pois precisamos limpar totalmente”, falou “Seu João Tororó”. Além destas, também estão sendo limpas as barragens da Lagoa do Saco, na região do Povoado de Onça, Tanque do Brejo, Corte Grande, em Salgadália e duas outras na região de Serra Vermelha também no distrito de Salgadália.
Foram contratadas pelo CONSISAL, mais de 4.800 horas de máquinas, o que representa um investimento de R$ 650 mil. Na Bahia, 75 municípios estão com situação de emergência reconhecida e decretada pela Defesa Civil estadual por causa da seca, um procedimento usado quando um desastre ultrapassa o estágio emergencial e a previsão é de que o período de estiagem se estenda até maio.
A seca que castigou a Bahia ano passado, sobretudo na região do semiárido, chegou a 2012 assolando comunidades em quatro regiões do Estado: norte, nordeste, centro-oeste e sudeste. O semiárido é região mais afetada e o período seco tende a se estender até maio. “É esperada para os próximos meses uma expressiva redução nos volumes das chuvas na região. Ainda assim, não se descarta a possibilidade de ocorrer eventos isolados de chuvas mais intensas, nos meses de março e abril, o que não será suficiente para suprir o déficit registrado nos últimos anos”, avalia o coordenador de monitoramento do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio.

Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas

quarta-feira, 14 de março de 2012

Saúde em Coité: Carta da oposição


O filósofo norte-americano John Galbraith, falecido em 2006, costumava dizer que “nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”. Afinal, quantas e quantas vezes assistimos nesse ambiente político viciado aquele que hoje afaga ser o mesmo que, num passado não muito distante, castigou. A prefeitura de Conceição de Coité comemora com pompas e em ano eleitoral a reabertura do Hospital Almir Passos, chamando para si os louros da reinauguração para capitalizar votos. No passado, covardemente se isentou de qualquer responsabilidade pelo fechamento da unidade de saúde, após infindáveis irregularidades detectadas por uma auditoria feita pela Secretaria de Saúde do estado, todas de pleno conhecimento do governo municipal com antecedência.

Platão já dizia que o azar de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta muito. Por isso, quando o circo é colorido demais, lembre-se do pão. Em suma: é tudo uma fantástica alegoria. Apostando na memória curta e na alienação do povo, a prefeitura assume para si o abre-alas da reabertura de um hospital que ela mesma permitiu que fosse fechado por quase um ano, alegando não ter qualquer ingerência sobre a entidade mantenedora que umbilicalmente sempre teve ligações com o grupo político dominante. A política também é desfaçatez. Na bonança, tudo. Na procela, nada.

Uma das grandes qualidades do cínico é se travesti de vítima para se esquivar do peso da crítica. Durante todo esse tempo, o argumento de defesa daqueles que querem se transmutar de algozes para libertadores do Hospital Almir Passos em nove meses é de que todos que levantaram a voz para apontar os graves equívocos do poder público municipal na área da saúde estavam, na realidade, torcendo contra, pregando o discurso do quanto pior melhor porque almejam o poder. Ou seja, tentam fazer crer que os outros, sem exceção, são tão pequenos quanto eles, os nanicos que sustentam os tentáculos na prefeitura com paralelepípedos, dinheiro público e cargos de confiança.

Senão vejamos um exemplo de como eles são homúnculos, dentro da área da qual estamos tratando. Temos uma Secretaria Municipal de Saúde que, na prática, funcionada como uma Secretaria de Transporte. Ela está lá não para executar, de forma planejada e organizada, ações que visem melhorar a prestação do serviço público no município, com a adoção de políticas eficazes que visem, por exemplo, implantar em Coité uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ela está lá para, todo dia, atender o cidadão que madruga na fila com o objetivo de marcar um carro para, no dia seguinte, ser atendido em Salvador. Uma verdadeira indústria movida ao sofrimento de muitos e o enriquecimento de poucos.

E olha que não estamos falando de complexos procedimentos de saúde que demandam grandes hospitais da capital. Estamos falando, inclusive, daquela senhora que é obrigada a se deslocar lá dos Claros, no extremo da zona rural de Salgadália, a Salvador, para fazer um transvaginal ou uma mamografia. Isso quando o que vale não é a regra do clientelismo, outro fantasma que habita as instalações da tal secretaria. Pois se você é eleitor de um vereador da base do prefeito, consegue agendar o carro sem precisar sequer pegar a fila.

Enfim, quem você acha que torce para o quanto pior melhor? Para e pense um pouco. Quem e o que alimentam esse círculo vicioso movido à desfaçatez, cinismo e clientelismo? Por que a prefeitura não trabalha de fato para que a saúde pública tenha um pouco mais de qualidade em Coité? Será que tudo não funciona dessa forma para que aquele cidadão pobre da zona rural se sinta dependente de um “favorzinho” solicitado ao vereador ou ao prefeito e obrigado a retribuir com o voto? São perguntas para as quais esperamos, um dia, ter uma resposta diferente. Quem sabe, e a esperança não há de morrer, essas novas respostas não comecem a surgir com a reinauguração do Almir Passos, que vai voltar à funcionar graças ao esforço dos coiteenses, e não ao discurso demagógico dos que estão no poder.

Por: Alexandre Reis

sexta-feira, 9 de março de 2012

Mulheres discutem saúde pública de Conceição do Coité em seminário


Gilca Carneiro - Sec. de Mulheres do SINTRAF

Aconteceu na última quinta-feira, 8,  na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Conceição do Coité (SINTRAF) um  seminário municipal em comemoração ao dia internacional das mulheres,com o Tema Geral: Garantir os Direitos das Mulheres para o Desenvolvimento Sustentável e sub tema: A  Saúde Publica no Município de Conceição do Coité. O evento realizado pela Secretaria de Mulheres do SINTRAF contou com a presença de mais de 120 pessoas, dando destaque para mais de 30 comunidades rurais, além de diversas representações da sede do município, entre elas a Pastoral da AIDS, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados (SINTRACAL), Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI), Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Revolution Reggae, além da representante do Movimento de Organização Comunitária (MOC), Vandalva Almeida, Maria Eugenia, Secretaria Municipal Políticas para as Mulheres de Coité, Maria Eliana, representando da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (FETRAF-Ba), Urbano Carvalho representando o SINTRAF e Gilca Carneiro, secretaria de Mulheres do SINTRAF. Na oportunidade as mulheres externaram suas angustias, inclusive em torno da saúde pública municipal e a violência contra a mulher. Houve uma maciça reivindicação em torno dos encaminhamentos tirados na Conferencia Municipal das Mulheres realizado no ano de 2011, onde a saúde da mulher foi pautada em regime de urgência, porém até o momento esse relatório não passa de “adorno de gabinete”. As Lideranças Femininas deixaram bem claro que a existência de leis não significa concretude de direitos, por isso as reivindicações não podem cessar.


“As nossas mulheres precisam de igualdade e respeito, inclusive na área de saúde, não temos motivos para homenagens, mas sim 2012 motivos para gritar por vida digna”. Desabafou Gilca, Secretária de Mulheres SINTRAF.
Longe de esgotar o assunto, foram tiradas três propostas de encaminhamento que são eles: Fazer cumprir a lei nº. 10. 778/03, que estabelece a notificação compulsória do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privada, realização de cursos de relações humanas nos estabelecimentos públicos, e fazer garantir a contratação de profissionais de saúde para que haja substituição quando estes estiverem em gozo de direitos trabalhistas.
Vereador Edvaldo do Sindicato (PT)
O vereador Edvaldo do sindicato (PT) esteve presente no Seminário e ajudou na construção das propostas, além de homenagear as mulheres com felicitações de heroísmo e determinação política e social.  “A luta das nossas mulheres não pode cair no esquecimento, pois, o problema de saúde publica municipal continuam afligindo as nossas mulheres inclusivas as oriundas das periferias e meio rural”. Ressaltou o vereador.
 A atividade foi encerrada em tom de harmonia com distribuição de brindes para as mulheres e expectativas, pois a ânsia por direitos é insaciável.    

Por Maise Fereeira/ Gilcimar Pereira

terça-feira, 6 de março de 2012

A Educação em Coité


Francisco de Assis

...que os pequenos coiteenses aprendam logo cedo a ler, escrever, contar e principalmente pensar.

Recente pesquisa realizada pela FIRJAN mostra a educação de Coité muito atrás de municípios menores como Valente, Ichu e São Domingos. Isso é preocupante. No IDEB, a nota da nossa maior pública municipal, a João Paulo Fragoso, foi 1,5. Isso é trágico.  Tanto quanto a saúde, a educação precisa estar no centro do debate político em nosso município.
É equívoco atribuir-se o mau desempenho escolar dos coiteenses à formação dos nossos professores. Eles, sem dúvida, são os mais bem formados de toda a região. Afinal, Coité possui uma universidade pública há 20 anos, sem contar as particulares e os coiteenses que estudam fora. 
Dessa forma, só posso atribuir essa situação à falta de organização administrativa do governo municipal, já que a verba federal chega religiosamente todos os meses e em números muito superiores aos das cidades já citadas e melhor colocadas que a nossa Coité. Uma prova disto é a insistência no uso das classes multisseriadas (salas com alunos de séries diferentes dividindo o mesmo programa), onde é impossível haver qualidade de ensino. Também não se pode exigir muito dos profissionais de apoio, como merendeiras e zeladoras, que ganham menos que um salário mínimo por mês. Os professores também têm seus problemas: INSS descontado do salário e não recolhido aos cofres da previdência, licenças prêmios vencidas, estrutura precária das escolas, transporte escolar deficiente, os próprios salários ainda tão baixos a ponto de obrigar alguns a trabalharem 60 horas semanais.
O quadro é desolador, mas tem solução. Um plano de ação e de metas, feito conjuntamente por governo e professores, com um diagnóstico correto da situação, seguido de melhorias nas condições físicas e de acesso às escolas, regularização de todas as pendências trabalhistas, permanente valorização dos profissionais,  planejamento pedagógico executado de forma eficiente, com o fim das aulas vagas, fim das turmas multisseriadas e implantação da escola integral. Essas ações combinadas vão propiciar que os pequenos coiteenses aprendam logo cedo a ler, escrever, contar e principalmente pensar.

Por: Francisco de Assis